quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Mapeamento Cultural - Violeiro

 
VIOLEIRO
Abdon Cosme Sobrinho nasceu no sítio Saco do Feijão no município de Florânia em 13/10/1925, sendo filho de Joaquim Francisco dos Santos e Isabel Maria da Conceição, passou sua infância e parte da adolescência no sítio Capim Açu, em Florânia/RN e desde 1940 reside em Tenente Laurentino Cruz, no sítio Cinco Cantos e é conhecido por Abdon.
Começou a tocar desde muito jovem, pois desde criança sentia vontade de tocar e a partir de 1958 começou a cantar fazendo cantorias em praças, terreiros, centro culturais, escolas e casas de familiares, nessas cantorias sempre tem na faixa de 180 pessoas entre crianças, jovens e idosos de etnia negra, parda e branca. Essas cantorias acontecem semanalmente nas sextas-feiras e sábados começando sempre as 19:00 hs até o dia amanhecer.
Seu Abdon, falou que nunca foi preciso sair para outros municípios, pois aqui mesmo em Tenente Laurentino Cruz arranjava o dinheiro para sua feira. A primeira viola que tocou foi feita por ele, começou a tocar cavaquinho, bandolim, violão e por ultimo a viola que toca até hoje. Ele começou por diversão e depois tornou-se um meio de vida.
Para ele a cantoria é muito importante, pois fazendo cantoria e poesia foi com que criou a família, segundo seu Abdon na cantoria não marca preço, coloca uma bandeja  e o povo vai colocando dinheiro.
Ele ainda disse que hoje em dia o pessoal não está dando mais valor a cantoria, pois a juventude só quer saber de bandas de forró. Em suas apresentações já fez muitos desafios, lembrando bem dos cantadores, André Avelino, Chico Valério, Chico Vieira, Pedro Henrique e José Uilamês.

E nessas apresentações cantava repente, martelo agalopado, quadrão, beira mar, mourão, gemedeira, sempre terminando fazendo um forró na viola para o povo dançar.
Na literatura de Cordel, seu Abdon já escreveu a historia de Sebastião Saturnino, que morava no sítio Jose Antonio em Tenente Laurentino Cruz e passou 10 dias desaparecido com fome e sede, quando os vizinhos e familiares o encontraram com vida. Outro dom de seu Abdon é curar com um galho verde crianças com olhado, quebranto e ventre caído.
Terminando nossa conversa com seu Abdon, ele disse que iria dizer um verso de improviso e falou assim:

“Quem nunca viu Abdon cantar repente, nunca viu moça velha no namoro.
Nunca viu vaqueiro lutar com touro, nunca viu se enfrentar homem valente.
Nunca viu se matar uma serpente, nunca viu se enfrentar um valentão.
Nunca viu se laçar um barbatão, nem nunca viu dois guerreiros guerriando.
Nem nunca viu um curisco arrebentando, as pedreiras da serra do sertão”

Pesquisadora: Marlha Aparecida Gonçalves de Medeiros, 14 anos – em  07/07/2006


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